"Ainda que o peso do meu peito seja custoso, qual é o peso de um abismo?, ainda que me sinta um cego a crescer sem olhos para um precipício, tenho de me levantar desta cama.Tenho de levantar estes braços que não são meus, tenho de levantar estas pernas que não são minhas, mas de um rochedo(...)Ainda que caminhe pela noite ao meio da tarde, ainda que no pico do sol seja o mais negro da noite e dentro da noite seja noite também, por tudo ser noite aos meus olhos, tenho de me levantar desta cama. Mesmo que seja para sofrer sofrer, tenho de ir de encontro àquilo que serei, por ter sido isto e não poder fugir, não poder fugir de me tornar alguma coisa".
José Luís Peixoto, "Nenhum Olhar".
José Luís Peixoto, "Nenhum Olhar".
3 comments:
Mais do que isso... ninguém foge daquilo que é, pode é distanciar-se daquilo em se pode tornar... que é todas as hipótese possíveis, mas como tem que se escolher um caminho... logo se vê o que irá dar...
Beijos
Ou seja, temos que ser, ser, ser e ser, levando com o nosso ser(bom e mau), até encontrar o nosso ser. Nem que para isso, tenha de ser às cambalhotas, a fazer o pino, trapézio...com muitos arranhões pelo caminho...cabeçadas na parede...It isn't?
Beijos
...esqueci-me que são estas coisas, coisas da vida, que fazem o que somos.São elas que nos fazem escolher um caminho...são elas o resultado da escolha de um caminho...
Não podemos fugir de ser e de escolher, porque essa é a nossa condição.
Beijos
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