Wednesday, 16 January 2008

Quando tudo parece vir ter connosco...

(...)" Olho o sol de frente. Penso: se o castigo que me condena se fechar em mim, se aceitar o castigo que chega e o guardar, se o conseguir segurar cá dentro, talvez não tenha de suportar novos julgamentos, talvez possa descansar.Atrás da terra, surge o grande rugido do silêncio. O horizonte avança para mim num incêndio. E distingo-o. Vem a direito, com passos de máquina. O seu corpo maior do que o dos homens, é como o de uma árvore que andasse, é como o de um homem que fosse do tamanho de três homens.
Mais perto, olha-me sem desviar o olhar.Mais perto, a raiva dos seus olhos agarra-me e puxa-me aos poucos. À minha frente, está parado. Olhamo-nos".(...)

José Luís Peixoto, "Nenhum Olhar".

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